terça-feira, 26 de outubro de 2010

Leia as obras básicas do Espiritismo!

Geralmente vemos pessoas e Instituições Espíritas citando como obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, Evangelho segundo o Espiritismo, A Gênese e O Céu e o Inferno. E, raras vezes, aparecem referências às Obras Póstumas, à Revista Espírita e ao O que é o Espiritismo?, e quando isso ocorre são colocados num segundo plano, como obras complementares, que não seria necessário, mas apenas seria bom lê-las.

Pensando nisso resolvemos, como se diz, “beber água na fonte” para ver se poderíamos encontrar essa definição no que escreveu o Codificador. Vejamos o que Kardec nos fornece como roteiro para estudo.

Em julho de 1859[i], Kardec recomenda, aos que querem se esclarecer sobre o Espiritismo, que se deve estudar primeiramente o resumo contido no livro O que é Espiritismo?, justificando:

...nesta rápida exposição fomos levados a indicar os pontos que deve, particularmente, fixar-se a atenção do observador. A ignorância dos princípios fundamentais é a causa das falsas apreciações da maioria daqueles que julgam o que não compreendem ou segundo suas idéias preconcebidas.

Na seqüência, para os que desejam saber mais, diz:

...ler-se-á O Livro dos Espíritos, onde os princípios da doutrina estão completamente desenvolvidos; depois, O Livro dos Médiuns para a parte experimental, destinado a servir de guia para aqueles que querem operar por si mesmos, como para aqueles que querem se inteirar dos fenômenos. Vêm, em seguida, as diversas obras onde estão desenvolvidas as aplicações e as conseqüências da doutrina, tais como: A Moral do Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno Segundo o Espiritismo, etc.

Voltando ao assunto, em janeiro de 1861[ii], aconselha, aos que querem adquirir as noções preliminares sobre o Espiritismo, que leiam, nesta ordem:

1º - O que é o Espiritismo? Esta brochura, de apenas uma centena de páginas, é somente uma exposição sumária dos princípios da Doutrina Espírita, um esboço geral que permite abarcar o conjunto sob um quadro restrito. Em poucas palavras, vê-se o objetivo e pode-se julgar sua importância. Por outro lado, nele se encontra a resposta às principais questões ou objeções que estão naturalmente dispostas a fazerem as pessoas novatas. Esta primeira leitura, que não requer senão um pouco tempo, é uma introdução que facilita um estudo mais aprofundado.

2º - O Livro dos Espíritos. Contém a doutrina completa, ditada pelos próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas conseqüências morais; é a revelação da destinação do homem, a iniciação à dos Espíritos e aos mistérios da vida de além-túmulo. Lendo-o, compreende-se que o Espiritismo tem objetivo sério, e não é um passatempo frívolo.

3º - O Livro dos Médiuns. Destina-se a guiar, na prática das manifestações, pelo conhecimento dos meios mais próprios para comunicar-se com os Espíritos; é um guia, seja para os médiuns, seja para os evocadores, e o complemento de O Livro dos Espíritos.

4º - A Revista Espírita. É uma coletânea variada de fatos, de explicações teóricas e de trechos destacados, que completam o que se disse das duas obras precedentes, e que lhes é, de alguma forma, a aplicação. Sua leitura pode ser feita ao mesmo tempo com elas, mas será mais proveitosa e mais inteligível sobretudo após a leitura de O Livro dos Espíritos

Isto pelo que nos concerne. Aqueles que querem tudo conhecer numa ciência, devem necessariamente ler tudo o que está escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, as coisas principais, e não se limitar a um só autor; devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como também as apologias, iniciar-se nos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação. (...)

No mês seguinte[iii], há uma importante fala de Kardec, sobre as publicações das comunicações espontâneas na Revista Espirita, que vem, com certeza, justificar o porquê da recomendação de sua leitura. Leiamos:

O que lhe dá essa opinião é que a grande quantidade de matérias, e a necessidade de coordená-las, permitem muito raramente publicar todas essas questões no número da Revista onde elas são mencionadas no boletim; mas, cedo ou tarde, nela encontram o seu lugar. Aliás, elas constituem um dos elementos essenciais das obras sobre o Espiritismo; foram aproveitadas em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns onde estão classificadas segundo o seu objeto, e nenhuma daquelas que são essenciais foi omitida. (...).

Ressaltamos que, segundo o próprio Kardec, as comunicações espontâneas que foram publicadas da Revista “constituem um dos elementos essenciais das obras sobre o Espiritismo”, citando os dois livros em que foram aproveitadas.

Em janeiro de 1868[iv], cerca de pouco mais de um ano antes de sua morte, Kardec reafirma, que se encontra na Revista Espírita “no estado de esboço, a maioria das idéias que estão desenvolvidas nesta última obra, conforme o fizemos com as precedentes”, considerando que “A Revista é freqüentemente, para nós, um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre certos princípios, antes de admiti-los como partes constitutivas da Doutrina”.

Concluímos que se básico significa “que ou o que serve de base, de fundamento; basilar, fundamental” (Houaiss), então, pelo que pudemos perceber das recomendações de Kardec, teremos que discriminá-las assim: O que é o Espiritismo, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, A Gênese, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Revista Espírita, inclusive, conforme consta na RE mai/1869 (p 132). Às estas acrescentaríamos, por nossa conta, o livro Obras Póstumas, por ser uma publicação de escritos inéditos de Kardec. Se daí quiserem dividi-las em “de iniciação”, “importantes” e “complementares”, não faz a menor diferença, desde que, obviamente, a leitura de todas elas seja recomendada.

E aos que somente lêem o LE, achando que está tudo nele, transcrevemos essa fala de Kardec: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação” (RE 1866, p. 223).



[i] KARDEC, A. O que é o Espiritismo, Rio: FEB, 2001. p. 149.
[ii] KARDEC, A. O Livro dos Médiuns, Araras-SP: IDE, 1993, pp. 40-41.
[iii] KARDEC, A. Revista Espírita 1861, Araras-SP: IDE, 1993, p. 35.
[iv] KARDEC, A. A Gênese, Araras-SP, IDE, 1993, p. 12.

Fonte: http://www.espirito.org.br

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O codificador


A juventude e a atividade pedagógica



Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia.
Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos para os mesmos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.
Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol.
Era membro de diversas sociedades, entre as quais da Academia Real de Arras, que, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?".
6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de QuímicaFísicaAnatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país.
As materias que lecionou como pedagogo são: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.

A doutrina Espírita


Doutrina Espíritaespiritismo , segundo a definição de seu codificador, o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail - que adotou o pseudônimo Allan Kardec - é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. O termo mais apropriado para designar esta doutrina é a denominação espiritismo, conforme orientação expressa no primeiro livro da codificação da doutrina, O Livro dos Espíritos. Já o termo "kardecismo" foi introduzido por parte dos seus seguidores como forma de distinguí-la de outras crenças e religiões existentes, principalmente no Brasil, sendo, entretanto, sob a luz do próprio Espiritismo um termo equivocado, já que poderia induzir ao entendimento de que o papel de Allan Kardec extrapola os limites da codificação e sistematização didática dos ensinamentos da Doutrina ou que existam várias correntes de pensamento dentro do espiritismo.
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas.
No caso do Espiritismo, a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre o Espiritismo e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras.
Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo se estruturou a partir de diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas religiosos sob a ótica da Moral Cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo. Desta forma foi estabelecido o preceito primário da Doutrina, de que só é possível buscar o aprimoramento espiritual através da caridade aos semelhantes (Lema: Não há salvação fora da caridade), além de trazer a luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica.
O Espiritismo se caracteriza pelo ideal de compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas deconhecimento, que seriam a ciência, a filosofia e a moral